
Os poucos estudos realizados indicam que um programa de treino conjunto de força e alongamento induz a longo prazo ganhos de força rápida superiores, comparado com o treino de força isolado e, obviamente, com o treino de alongamento isolado ( Wilson, Elliot, & Wood, 1992).
Este efeito é notório, principalmente em acções que envolvam o ciclo muscular de alongamento-encurtamento de duração inferior a 250ms. A força máxima não parece, no entanto, ser beneficiado ao adicionar a componente do alongamento ao treino da força, excetuando os casos em que os praticantes tenham uma condição física debilitada.
Para que o desenvolvimento da força rápida seja beneficiado com a adição do alongamento, este deve ser aplicado usando o método estático, pois com a utilização de outros métodos não se observa o mesmo efeito.
Presume-se que o mecanismo fisiológico que está na base deste ganho adicional de força rápida, em consequência do treino combinado de força rápida, em consequência do treino combinado de força e alongamento, se deva a alterações estruturais e das propriedades viscoelásticas da unidade musculotendinosa. Especificamente, estas alterações acontecem ao nível do tecido conjuntivo intramuscular e do tendão, aumentando a eficiência na transmissão de forças geras pelo músculos até ao osso que concretiza o movimento articular (Kubo et al., 2001).
Presume-se, também, que o alongamento contribui para uma maior manifestação da força rápida pelo efeito estrutural que tende a provocar na arquitetura muscular. Enquanto o treino de força promove o aumento do ângulo de penação, a prática de alongamento tende a manter ou diminuir o ângulo de penação dos fascículos musculares. Tal efeito na arquitetura muscular favorece a produção de força em velocidades elevadas de execução, afetando, assim, a relação muscular Força-velocidade.
Em conclusão, a adição da prática de alongamento estático em sessões de treino de força impulsiona, a longo prazo, o desenvolvimento da força rápida em acções que contenham o ciclo muscular de alongamento-encurtamento. Contudo, há ainda dúvidas sobre qual o melhor momento na sessão de treino para a aplicação dos alongamentos de modo a favorecer esta adaptação. Por racionalidade cientifica, sugere-se a aplicação de alongamentos estáticos aos grupos musculares envolvidos na tarefa, após a execução da sessão de força.
Bibliografia:
Correia, P. P., Mil-homens, P., & Mendonça, G. V. (2017). Treino da Força – AVALIAÇÃO, PLANEAMENTO E APLICAÇÕES. Lisboa: Faculdade Motricidade Humana.
Kubo, K., Kanehisa, H., & Fukunga, T. (2001). Effects of stretching of resistance an stretching training programmes on the viscoelastic properties of human tendon structures in vivo. The Journal of Physiology, 538 (1)., 219-226
Wilson, G., Elliot, B., & Wood, G. (1992). Stretch sorten cycle performance enhancement trough flexibility training. Medicine & Science in Sports & Exercise, 24(2), 116-123